Superheroes é um documentário da HBO sobre "super-heróis da vida real", pessoas que vestem fantasias e uniformes para combater o crime, fazer justiça ou ajudar ao próximo de alguma maneira. Mas não é bem aquele princípio ideológico comentado por Grant Morrison de que em breve os super-heróis passarão do plano das idéias para o mundo material. A semelhança maior é com Kick-Ass, quadrinhos de Mark Millar e John Romita Jr que também virou um filme de Matthew Vaughn.
O documentário começa mostrando a "história de origem" de alguns desses heróis, onde eles atuam, quais são seus "poderes", equipamentos e procedimentos. É muito fácil achar graça ou até sentir pena do que parece ser apenas um bando de adultos emocionalmente imaturos que deixaram-se dominar por fantasias infantilóides.
Mas em meio à "origem" muitos deles relatam passados marcados por abuso e violência contra pessoas próximas ou até eles mesmos. Vemos então aspectos mundanos de suas vidas, dificuldades bem reais e também como eles têm sonhos comuns a todos nós. São pessoas como outras quaisquer. Mas em comum têm a sensação de impotência frente à apatia da sociedade e do poder público perante a injustiça em todas as suas formas. Assim eles buscam colocar seus ideais em prática e partem para a ação.
Sim, a visão deles sobre "justiça" ou o real valor (e consequência) de seus atos de bondade é um tanto quanto ingênuo. Mas o documentário é eficiente ao não apenas salientar o lado humano desses personagens mas também suas boas intenções (mesmo que pueris) que podem fazer diferença ao inspirar atitudes mais positivas e construtivas em meio à sociedade em que atuam.
E, afinal, não é para isso que servem os heróis? Suas pequenas ações não têm real impacto sócio-econômico ou influência direta e significativa na estatística do crime. Mas o herói não precisa ser apenas aquele que salva com atos de bravura mas sim quem inspira coragem e bondade em cada um de nós.
Em tempos em que os super-heróis da ficção viraram somente franquias de grandes corporações que buscam apenas entreter (visando o lucro), talvez o mundo precise de mais heróis como os deste documentário. Ou, pelo menos, de atitudes similares de cada vez mais pessoas.
Claro que o documentário esqueceu de mencionar algo que também não deve ter passado pela cabeça desses personagens: a partir do momento em que há super-heróis, abre-se a possibilidade para a existência de super-vilões.
Mas mesmo que você não se interesse pelo tema, assista a esse filme pois ele fala mesmo é sobre como cada pessoa age perante à injustiça, como o indivíduo pode inspirar (e mudar) a sociedade e, até certo ponto, de como estamos prontos a julgar o próximo baseados na aparência ou atitude superficial.
É um bom documentário com ação, suspense, drama e humor. Ainda não há previsão de quando estreará na HBO Brasil (mas não deve demorar muito). Trailer:
Entrevista com o diretor Michael Barnett e o super-herói Zimmer:
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