“Agora ouvi-me, senhores! Entre um brinde e uma baforada de fumaça,
o que nos cabe é contar uma história sanguinolenta, um daqueles contos
fantásticos.”
Em uma taverna no distante século XIX, cinco amigos narra suas
histórias de amor. Mas não espere encontrar aqui inocentes: as paixões
de Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann e Johann são tão
intensas quanto insanas. No passado, ainda jovens e inconsequentes,
eles macularam suas vidas com as mais diversas infâmias e perversões,
atos que nunca puderam esquecer e que nos são revelados em contos
assustadores.
Chega às livrarias mais um lançamento da série Clássicos Brasileiros em HQ, da Editora Ática: a
adaptação para os quadrinhos de Noite na taverna, de Álvares de Azevedo que será lançada na QUANTA ACADEMIA, no dia 23 de junho à partir das 18h.
Publicada em 1855, a novela gótica Noite na taverna inaugura a breve e relevante produção
de Álvares de Azevedo, morto tragicamente aos 20 anos, antes mesmo de ver seu primeiro
livro impresso. No enredo, cinco amigos decidem narrar suas desventuras amorosas, histórias
mórbidas que revelam a faceta mais sombria do autor ultrarromântico, melancólico e
fascinado pela morte.
Para imprimir na adaptação o clima soturno do clássico, foram convidados artistas que fizeram
a história das HQs de horror brasileiras. Dentre eles, destaca-se Rodolfo Zalla, criador da
extinta Editora D-Arte, que publicava diversas revistas do gênero – algumas com mais de 120
edições – e também trabalhos inéditos de quadrinistas como Rubens Cordeiro e Sebastião
Seabra. Colegas de trabalho e antigos colaboradores se reúnem mais uma vez em um projeto
comum, uma homenagem ao gênero horror, aos grandes artistas que fizeram parte dele e a
Álvares de Azevedo, que o trabalhou com maestria em sua prosa.
A adaptação de Noite na Taverna foi feita de maneira a seguir a atmosfera das revistas Mestres
do Terror e Calafrio, publicadas pela Editora D-Arte. A despeito dos diferentes estilos dos seis
artistas que compõe a equipe, as ilustrações em preto e branco e a aura de horror garantem
à HQ a unidade visual necessária para que componha uma obra coesa. O roteirista Reinaldo
Seriacopi se preocupou em preservar o texto e o clima do clássico na passagem de prosa para
quadrinhos, reforçando as intenções do autor. O resultado é uma obra apaixonante.
Os autores
Reinaldo Seriacopi (1967) é escritor e editor, formado em jornalismo e letras. Foi
diretor de redação do portal Klickeducação e editor do Almanaque Abril. Escreveu
livros institucionais, roteiro para cinema e um romance juvenil – Sherlocks os the rocks
nas Diretas Já –, em parceria com José Arrabal. Esta é sua primeira adaptação de um
texto literário para HQ.
Arthur Garcia (1963) Aos 17 já desenhava histórias para a revista Zorro, Capa e
Espada, sob a tutela de Franco de Rosa. Formou-se em Educação Artística e viveu
em Portugal, onde, em 1990, recebeu o prêmio Mosquito do Clube Português de
Banda Desenhada de melhor desenhista de quadrinhos. Nesta década, destacou-se
ao desenhar as versões oficiais em quadrinhos do seriado japonês Jaspion e do game
Street Fighter. Ganhou o prêmio Ângelo Agostini em 1994 e 1995. É especialista no
gênero mangá, e segue roteirizando e desenhando HQs como a graphic novel autoral
Nosferatus.
Franco de Rosa Nasceu em 1956, aos 15 anos criou com um amigo a fanzine Frama.
É desenhista autodidata e produziu HQs para editoras especializadas, com destaque
para as revistas Klik, Gripho e Zorro, Capa e Espada. Foi cofundador das editoras de
quadrinhos Mythos e Opera Graphica. Hoje, além de desenhar, comanda a Editora
Kalaco.
Rodolfo Zalla Mesmo tendo nascido na Argentina, em 1930, é um ícone das HQs
brasileiras. Formado em Arquitetura, iniciou carreira em seu país de origem em 1953.
Chegou ao Brasil dez anos depois, e começou a desenhar para diversas editoras nos
mais variados gêneros. Em 1967, fundou o Estúdio D-Arte com Eugênio Colonnese.
Transformado em editora, a D-Arte lançou os títulos Calafrio e Mestres do Terror.
Inovou ao iniciar, em 1970, o uso da linguagem dos quadrinhos em livros didáticos.
Rubens Cordeiro (1934) é um perfeccionista do traço e um mestre do estilo noir.
Começou a trabalhar profissionalmente com quadrinhos nos anos 1960, criando
histórias de horror e super-heróis. Nos anos 1970, com a repressão do regime militar
ditatorial, passou a desenhar HQs infantojuvenis para a Editora Abril, com destaque
para as histórias de Walt Disney para o personagem Zorro. Voltou ao gênero horror
nas décadas de 1980 e 1990, quando foi colaborador regular das revistas Calafrio e
Mestres do Terror.
Sebastião Seabra Nascido em 1958, começou a publicar a tira diária Capitão Caatinga,
em parceria com Franco de Rosa, no jornal Notícias Populares, em 1974. Publicou
também a tira cômica Chucrutz. Em 1979, desenhou para a revista Zorro, Capa e
Espada. Na década de 1980, fez trabalhos publicitários, ilustrou livros didáticos e
desenhou charges políticas e caricaturas. Em 1986, recebeu o prêmio Ângelo Agostini
de melhor desenhista. Na década seguinte, criou seu personagem mais conhecido, o
Vingador Mascarado.
Walmir Amaral (1939) Desenhista autodidata, quando pequeno lia avidamente
as revistas Gibi e Globo Juvenil, nas quais conheceu as histórias do Fantasma,
personagem que o consolidaria como roteirista e desenhista de HQs. O próprio criador
do Fantasma, Lee Falk, elogiou o belo traço de Walmir, que desenhou o personagem
até o final da década de 1980 – trabalho pelo qual é até hoje reconhecido no Brasil
e no exterior. Nos anos 1960, realizou uma série histórica de faroeste chamada O
Vingador. Nos anos 1970, também ilustrou a revista Zorro da Editora Abril. Em 1997,
recebeu o prêmio Ângelo Agostini.
Álvares de Azevedo Nascido em 1831, em São Paulo, era poeta, contista, dramaturgo
e ensaísta e foi um dos principais escritores brasileiros da segunda geração do
romantismo. Em suas obras predominam a melancolia, o pessimismo e o tédio.
Por outro lado, contribuiu para introduzir o humor, a ironia e o sarcasmo na poesia
brasileira. Estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas não chegou
a concluir o curso. Apesar da saúde frágil, sua morte trágica aos 20 anos ocorreu em
virtude de um acidente: uma queda de cavalo. Ironicamente, a equitação havia sido
uma recomendação médica para o tratamento de sua tuberculose.
Noite na taverna
Série: Clássicos Brasileiros em HQ
Original: Álvares de Azevedo
Roteiro: Reinaldo Seriacopi
Arte: Arthur Garcia, Franco de Rosa,
Rodolfo Zalla, Rubens Cordeiro,
Sebastião Seabra, Walmir Amaral
ISBN: 978 85 08 14872-1
Formato: 19 x 26 cm
Páginas: 96
Lindas ilustrações!
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