quarta-feira, 10 de março de 2010

CURSO DE DESENHO – O CONCEITO DA QUANTA – parte DOIS

Um dia desses, estava conversando com um aluno sobre como estruturamos o curso de desenho aqui na Quanta. Ele me perguntava se ensinamos desenho artístico... Me dei conta de como as coisas mudaram na forma de se estruturar um curso de desenho. Claro que não estou querendo dizer que somos inovadores no segmento curso de desenho, ou precursores de uma nova maneira de aprender a desenhar nem nada desse tipo, a Quanta não começou nada disso, tudo isso é só uma reflexão sobre o assunto.

Mas foi engraçado, porque vi - de maneira mais clara - o que estou tentando passar aqui neste texto... O quanto a condução deste “aprender a desenhar” mudou com o tempo. Ou sobre conceito e estrutura de um curso de desenho. E como agora, pelo menos na Quanta, pautamos pela formação do aluno no entendimento da forma, com base na observação direta do real, mas também levando o aluno a entender esta forma para que depois possa “desenhar de cabeça”! E como, para mim agora, desenhar de cabeça não é apenas saber desenhar sem olhar uma referência, e sim uma coisa maior que isso.

Primeiro, entendi o que eu queria dizer a mim mesmo, quando me perguntava como desenhistas como Chester Gould, Jerry Robinson, Dick Sprang e Jack Kirby teriam de certa maneira “evoluído” em termos de conhecimento de desenho, em comparação aos desenhistas clássicos. Como eles teriam chegado até aquele estágio de evolução. A resposta estava ali; ESTÁGIOS.

Já falei em outros textos sobre processos, de estágios de evolução em desenho, e acho que não preciso prolongar este texto falando tudo de novo, mas de maneira geral, percebi que o estudo da anatomia humana, da anatomia comparada, animal, os desenhos de paisagem, retrato, natureza morta, enfim a observação direta do real é (obviamente) a base para chegarmos depois a “desenhar de cabeça”, e isso tem a ver com a compreensão de ESTRUTURA.

Quando me mudei para São Paulo da primeira vez (vim para a cidade de São Paulo em 1981, aos 16 anos, depois me mudei para o Rio de Janeiro e retornei a São Paulo em 1986.), me matriculei em um curso de desenho de uma importante escola de artes. No meio do ano, meu professor me chamou e disse para eu sair do tal curso de desenho. “Você vai estragar seu estilo”, ele disse. O estudo acadêmico poderia danificar o que já estava ali, endurecer... Não me senti elogiado. Ao contrário do que se espera aquilo não foi uma massagem no ego, fiquei realmente irritado. Eu estava ali para aprender a desenhar, e aquilo era um curso de desenho... Não acredito que estaremos satisfeitos algum dia, ou mesmo nos sintamos “prontos”. E, se um dia pensarmos que estamos, é porque a graça acabou. Acabei me afastando do desenho, e do próprio curso de desenho. Fiquei uns dois anos sem fazer um rabisco se quer. Mas, continuei preocupado com toda essa questão de aprender a desenhar e, a partir desse acontecimento, em como trabalhar a formatação de um curso de desenho.

Os motivos pelos quais meu professor me incentivou a sair daquele curso, tinha base no que estava tentando entender: Como desenhar? Como aprender a desenhar? Toda argumentação dele tinha base no fato de ele considerar que o estudo acadêmico, centrado na observação direta do real, estragaria a maneira como eu interpretava aquele real. Ou seja, de eu basicamente centrar meus estudos nesta observação do real, poderia prejudicar meu estilo, ou seja, minha maneira de “desenhar de cabeça”. Mas eu sabia que o estudo do real trazia fundamentos importantes para que eu, em algum ESTÁGIO futuro, compreendesse a forma, a ESTRUTURA e pudesse através disso criar minha maneira de interpretá-la.

Como cada desenhista tem um estilo diferente? O que eles sabiam que eu ainda não tinha compreendido, para conseguir estes resultados gráficos. Via desenhistas como Moebius, Richard Corben, Enrique Brreccia, Hermann, Hugo Prati, Guido Crepax, E.P. Jacobs, Keith Giffen, John Romita Jr., Artur Adams, Frank Miller, Walt Simonson, Howard Chaykin... Todos eles desenhavam mãos, pés, bocas, olhos, narizes, pernas, troncos, rostos... Eu entendia isso, conseguia compreender, por mais diferentes que fossem, que eram mãos, narizes, bocas, etc, mas cada um fazia do seu jeito. Entendi que aquilo era como um idioma, uma língua. Era preciso saber ler a imagem para compreender a unidade de cada uma delas.

Qual era então a diferença?

A forma. A estrutura. A construção. O acabamento do traço. Aquelas eram as minhas respostas.

O estudo com base no real, o estudo da estrutura de tudo, leva à compreensão da forma.

FIM DA PARTE DOIS

Leia também a parte um do texto - curso de desenho o conceito da Quanta

Conheça o nosso curso de desenho.

Um comentário:

  1. Adorei o site, já ouvira falar na Academia de Artes Quanta. Mas devido à condições financeiras fica difícil ingressar na Academia.
    Eu realmente gostaria de me aprofundar no ramo de ilustrações. Até hoje só desenho mangá mesmo... E para mim, seria uma oportunidade perfeita realizar estudos na Quanta!!! Gostaria de saber se vocês oferecem bolsas de estudos... Meu e-mail é: drii_moonchild_91@hotmail.com
    Se puderem entrar em contato, adoraria conversar mais com os coordenadores da Instituição.

    Agradeço desde já e os parabenizo pelo excelente trabalho realizado no desenvolvimento da Quanta.

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