quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Desenho - Visão prática e visão ampla.

O que é um bom desenho?

Quando você chega ao ponto de entender realmente o que é desenhar, fica realmente complicado julgar o trabalho de alguém, dizer que ele desenha mal ou bem... Existem tantas maneiras de se entender isso. Porque não são apenas os fatores técnicos que são observados... Podemos ver tantos trabalhos tecnicamente “impecáveis”, mas frios, sem alma, pragmáticos... Estes são trabalhos que tecnicamente perfeitos, mas são repetição da repetição, das repetições de tantos e tantos outros artistas. É obvio que existe a evolução técnica de um trabalho... Eu não seria verdadeiro comigo mesmo se não acreditasse nisso... Afinal sou proprietário de uma escola de artes! Isso seria um contra-senso.

O que existe é o que você quer fazer com seu desenho. Como já disse em outro texto. Se você quer ser um profissional, aí, existem exigências específicas para cada mercado de trabalho... Muitas vezes pragmáticos. MAS, eles são, em última instancia, um reflexo do entendimento pragmático do público para o qual este trabalho é direcionado.

Publicar é tornar público. Quando um artista publica seu desenho, ilustração ou exibe seu desenho animado, ele está mostrando isso ao público. Por isso, seu trabalho acabada entrando em níveis, sendo categorizado pelo público que o recebe e pelo editor que tenta atingir e atender a esse público. Ele cai naquela noção geral do que se entende por “desenhar bem”, sobre o qual já conversamos antes. De novo, este “desenhar bem” é muito relativo... Relativo à área para a qual este desenho, ilustração, animação, etc, é direcionado. Desenhar bem histórias em quadrinhos de super-heróis tem seus próprios parâmetros de julgamento, assim como ilustrar livros infantis, ou livros didáticos infantis... Cada mercado estabelece seus parâmetros.

O que é preciso que se entenda, é que desenhar é mais do que ver o desenho como uma ferramenta de mercado de trabalho. Desenhar é mais do que querer primeiro categorizar seu desenho, direcionando-o para algum mercado de trabalho. Desenhar é, antes de tudo, uma expressão. Segundo muitos, o desenho e a narrativa são as primeiras formas de comunicação humana. Categorizações e mercados apareceram depois, quando a arte passou a ser feita por artistas. Quando começaram os julgamentos sobre sua qualidade. Quando começaram a definir o que era ou não arte. Quando o público começou a querer um tipo de arte e outro não. Quando começou a existir uma espécie de ditadura cultural sobre o que é desenhar bem, pintar bem e por aí vai. De qualquer maneira, mercados e categorizações são apenas aspectos do processo de “aprender” a desenhar... Um aspecto muito direcionado... Porque existe também o movimento de simplesmente desenhar.

Geralmente os interessados nos nossos cursos, chegam até a Quanta com todos estes conceitos sobre o que seja desenhar bem e, talvez por isso mesmo, quando vêm os trabalhos de nossos professores sintam-se intimidados. Como já disse no início deste texto, a Quanta tenta justamente desplugar as pessoas destas idéias. Dando a elas, uma visão mais ampla sobre desenho, sobre expressão.

Existem processos diferentes de aprendizado. Existem também expectativas diferentes dos alunos em relação à escola e ao tipo de evolução que eles desejam alcançar. E isso está ligado às tais categorizações e mercados.

O que tentamos fazer aqui, durante as aulas, é, aos poucos, propor uma visão mais ampla sobre arte. Isso porque, geralmente estas expectativas dos alunos, existem apenas porque eles não conhecem outras maneiras de se pensar desenho, ilustração ou histórias em quadrinhos, por exemplo. Ou seja, os alunos só vêm um aspecto da coisa toda. Não enxergam o cenário todo, todas as possibilidades, e por isso estão fechados em apenas uma maneira de pensar. Estão engessados em uma só verdade.

Aos poucos, eles podem abrir mais suas percepções e entendimentos, e assim, começam a ver que a coisa toda é muito maior e muito mais legal do que imaginavam.

Com o passar do tempo, eles começam a ver cenários maiores e percebem todo este discurso descrito aqui... Que não existe um jeito certo de se desenhar. Que existe sim, adaptações a certos mercados, no caso daqueles que querem trabalhar para “certos” mercados, mas que existe apenas a vontade de se expressar.

Parte I: Parâmetros de julgamento de um bom desenho.
Parte II: Desenho - Formas, sensações e abstrações
Parte III: Constrindo os conceitos de leitura do desenho
Parte IV: Desenho - Aprendendo a ler símbolos gráficos

5 comentários:

  1. Anônimo6:15 PM

    Confirmo a veracidade desse texto com minha história como estudante de arte,quando,a dois anos atrás entrei em um curso da Quanta enxergando uma só verdade e saí de lá completamente diferente hauahauahauahauahau...
    A verdade é q vendo coisas diferentes e sentindo novas possibilidades minha cabeça se abriu...
    Possibilidades essas q ainda não me cansei de procurar e esperimentar....
    Acho q a maior descoberta q tive com tudo isso foi me encontrar em meus trabalhos e nunca estive tão feliz em conseguir isso,acho q ate mais feliz doq estaria se tivesse publicado algo...

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  2. Vejo alguns casos de acomodação...

    O cara as vezes fracassou como desenhista acadêmico ou o que for (parou de estudar anatomia, perspectiva, luz e sombra etc)
    Seguiu com desenho mais foi levando pro lado "arte", não me refiro as técnicas, mas ao abstrato, eu particularmente suspeito bastante do termo, pq a pessoa não precisa mais de dedicação, de superação, de estudar a fundo por complexos conhecimentos para aprimorar seu trabalho.
    Assim qualquer pessoa é um artista que não pode ser comparado ou julgado, ele não erra, o que ele faz é uma distorção intencional da realidade. Deixo claro que existem vários artistas (inclusive na Quanta) que fizeram a opção de um trabalho abstrato por gosto pessoal, são exceções os que tem o conhecimento dos dois e faz qualquer tipo.

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  3. Anônimo7:45 PM

    realmente existem essas suspeitas à respeito do abstrato. muitas vezes notamos que, em alguns casos, artistas realmente não demonstram trabalhos bem estruturados não só em termos conceituais, quanto técnicos. mas, existem casos e casos. o trabalho abstrato muitas vezes demonstra amadurecimento. uma maneira muito mais profunda de se entender forma e de conceitualiza-la. entendo sua crítica Georges... se esta opção feita através dessa busca de aprofundar mais o entendimento da arte e das formas.. tudo bem.. mas, quando não é, fica realmente estranho. mas, pode ter certeza de que críticos diferenciam isso!

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  4. interessado em desenho com o lado direito do cerebro, jim lee em video desenhando pra ensinar, cursos inteiros comples gratis, e muito mais???
    http://www.desenhoarteeoficio.blogspot.com/

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  5. não existe um melhor desenhista todos são bons desde que consigam usar sua linguagem em seus desnhos eu aprendi isso e agora acredito estar no caminho certo para ser um grande mangaka o desenho não trata só do personagem em sí mas da arte em cada linha em nossa visão

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